terça-feira, 30 de novembro de 2010

*Srimad-Bhagavatam [Canto 3, Cap 20 Verso 13]

*Todas as glórias a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada!


Conversa entre Maitreya e Vidura

Tradução

Impelido pelo destino da jiva, o falso ego, que é de três tipos, desenvolveu-se do mahat-tattva, no qual predomina o elemento de rajas. Do ego, por sua vez, desenvolvem-se muitos grupos de cinco princípios.

Significado

A matéria primordial, ou prakrti, natureza material, composta pelos três modos, gera quatro grupos de cinco. O primeiro grupo chama-se elementar e consiste em terra, água, fogo, ar éter. O segundo grupo de cinco chama-se tan-matra, referindo-se aos elementos sutis (objetos dos sentidos): som, tato, forma, gosto e cheiro. O terceiro grupo são os cinco órgãos sensoriais para aquisição de conhecimento: olhos, ouvidos, nariz, língua e pele. O quarto grupo é o dos sentidos funcionais: fala, mãos, pés, ânus e órgãos genitais. Alguns dizem que há cinco grupos de cinco órgãos sensoriais para aquisição de conhecimento, o dos sentidos funcionais, e o quinto grupo é o das cinco deidades que controlam essas divisões.

Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare

Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

Quem canta Hare Krishna seus males espanta !

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seu servo_ gostha-vihari dasa (PS)


O Bhagavata, Sua Filosofia e Ética

Srila Bhaktivinod Thakur - Palestra em Dinajpur, Bengala Ocidental – 1869.

Amamos ler um livro que nunca lemos antes. Estamos ansiosos de reunir qualquer informação que ele contenha, e com tal ganho nossa curiosidade acaba. Esta modalidade de estudo prevalece entre um grande número de leitores que se consideram grandes personalidades em sua própria avaliação bem como daqueles que são de seu mesmo temperamento. O fato é que há maioria dos leitores são meros repositórios de fatos e declarações feitas por outras pessoas. Mas isso não é estudar. O estudante deve ler os fatos com vistas a criar, e não com o objetivo de uma retenção infrutífera. Estudantes, igual a satélites, deveriam refletir qualquer luz que recebem dos autores, e não aprisionar os fatos e pensamentos como juizes aprisionam condenados na prisão! O pensamento é progressivo. O pensamento do autor deve progredir no leitor na forma de correção ou desenvolvimento.

O melhor crítico é aquele que pode mostrar o desenvolvimento posterior de um velho pensamento; mas um mero denunciador é o inimigo do progresso e consequentemente da natureza. Progresso certamente é a lei da natureza, e deve haver correções e desenvolvimentos com o progresso do tempo. Mas progresso significa ir adiante ou se elevar mais alto. O crítico superficial e o leitor infrutífero são dois grandes inimigos do progresso. Devemos evitá-los. O verdadeiro crítico, por outro lado, nos aconselha a preservarmos o que já obtivemos, e ajustarmos nossa corrida daquele ponto a que chegamos no calor de nosso progresso. Ele jamais nos aconselhará a retornarmos ao ponto de partida, pois ele bem sabe que, nesse caso, haverá uma perda infrutífera de nosso tempo e labor valiosos. Ele dirigirá o ajuste do ângulo de nossa corrida para o ponto em que nos encontramos. Essa é também a característica do estudante útil. Ele lerá um autor antigo e descobrirá sua exata posição no progresso do pensamento. Ele jamais proporá queimar um livro com base em que contém pensamentos inúteis. Nenhum pensamento é inútil.

Pensamentos são meios pelos quais atingimos nossos objetivos. O leitor que denuncia um mau pensamento não sabe que uma estrada ruim é capaz de ser melhorada e convertida numa boa estrada. Um pensamento é uma estrada que leva a outro. Assim, o leitor descobrirá que um pensamento, que é objetivo hoje, será o meio para um objetivo posterior amanhã. Os pensamentos necessariamente continuarão a ser uma série infindável de meios e objetivos no progresso da humanidade.

Os grandes reformadores sempre afirmarão que não vieram para destruir a velha lei, mas para cumpri-la. Valmiki, Vyasa, Platão, Jesus, Maomé, Confúcio e Chaitanya Mahaprabhu afirmam o fato, seja expressamente ou por sua conduta. Contudo, nosso crítico pode de modo nobre nos dizer que um reformador como Vyasa, a menos que seja explicado de modo puro, pode liderar a milhares de homens a grandes problemas nos tempos vindouros. Mas caro crítico! Estude a história das eras e dos países! Onde você encontra que o filósofo e o reformador foram totalmente compreendidos pelas pessoas? A religião popular é a do medo de Deus, e não a do amor puro espiritual que Platão, Vyasa, Jesus, e Chaitanya ensinaram a seus respectivos povos! Seja que você apresenta a religião absoluta em figuras ou expressões simples, ou a ensina por meio de livros ou palestras, o ignorante e o descuidado devem degradá-la.

Em verdade, é muito fácil dizer e rápido de se ouvir que a Verdade Absoluta tem uma tal afinidade com a alma humana que chega diretamente, como se intuitivamente, e que não há necessidade de esforço de ensinar os preceitos da verdadeira religião, mas esta é uma idéia enganosa. Pode ser verdade no que se refere à ética e ao alfabeto da religião, mas não à mais elevada forma de fé, que exige uma alma exaltada para ser compreendida. Todas as verdades superiores, ainda que intuitivas, exigem uma educação preliminar nas mais simples.

A religião mais pura é a que nos dá a idéia mais pura de Deus. Como então é possível que os ignorantes jamais venham a obter a religião absoluta, enquanto permanecem ignorantes? Assim, não vamos escandalizar o Salvador de Jerusalém ou o Salvador de Nadia por esses males subsequentes. Nós precisamos de Luteros e não de críticos para correção desses males por meio da verdadeira interpretação dos preceitos originais.

Deus nos dá a verdade como Ele a deu a Vyasa, quando buscamos sinceramente por ela. A verdade é eterna e inexaurível. A alma recebe uma revelação quando anseia por ela. As almas dos grandes pensadores das eras passadas, que hoje vivem espiritualmente, muitas vezes se aproximam de nosso espírito inquiridor e o assessoram em seu desenvolvimento. Assim, Vyasa foi assessorado por Narada e Brahma.

Nossos shastras, ou em outras palavras, nossos livros de pensamentos, não contêm tudo que poderíamos obter do Pai infinito. Nenhum livro está livre de erros. A revelação de Deus é a Verdade Absoluta, mas é raramente recebida e preservada em sua pureza natural.

Fomos aconselhados no Srimad-Bhagavatam (11.14.3) a acreditar que a verdade, quando revelada, é absoluta, mas, com o passar do tempo, recebe uma coloração da natureza do recebedor e se converte em erro pelo cambio contínuo de mãos de era a era. Portanto, novas revelações são continuamente necessárias a fim de manter a verdade em sua pureza original.

Somos desse modo alertados a sermos cuidadosos em nossos estudos de autores antigos, por mais sábios e famosos que sejam. Aqui, temos a liberdade plena para rejeitar a idéia errada, que não é sancionada pela paz de consciência. Vyasa não estava satisfeito com o que coletou nos Vedas, ordenou nos Puranas, e compôs no Mahabharata. A paz de sua consciência não sancionava seus esforços. Disse a ele internamente: "Não, Vyasa! Você não pode repousar contente com o quadro errôneo da verdade que foi necessariamente apresentado a você pelos sábios dos dias de antanho! Você mesmo deve bater à porta do inexaurível repositório da verdade de onde os sábios anteriores obtiveram sua riqueza. Vá! Suba até a fonte da verdade, onde nenhum peregrino se encontra com o desapontamento de qualquer tipo. Vyasa o fez e obteve o que queria. Todos fomos aconselhados a fazê-lo.

Liberdade, então, é o princípio que devemos considerar como o presente mais valioso de Deus. Não devemos nos permitir de sermos liderados por aqueles que viveram e pensaram antes de nós. Devemos pensar por nós mesmos e tentar obter verdades novas, que ainda não foram descobertas. No Srimad-Bhagavatam (11.21.23), fomos aconselhados a aceitar o espírito do shastra, e não suas palavras. O Bhagavatam é portanto uma religião da liberdade, da verdade sem misturas, e do amor absoluto. A outra característica é o progresso. Liberdade é a mãe de todo progresso. A sagrada liberdade éa causa do progresso ascendente na eternidade e na atividade infindável do amor. A liberdade mal utilizada causa a degradação, e o Vaishnava sempre deve cuidadosamente utilizar este elevado e belo presente de Deus.

O espírito deste texto vai longe ao honrar os grandes reformadores e professores que viveram e viverão em outros países. O Vaishnava está pronto para honrar a todos os homens sem distinção de casta, pois eles estão repletos da energia de Deus. Vejam quão universal é a religião do Bhagavatam. Não se destina apenas a uma certa classe de hindus mas é um presente à humanidade em geral, não importa em que país nasceu nem em que sociedade cresceu.

Em resumo, Vaishnavismo é o amor absoluto que une todos os homens ao Deus infinito, incondicional e absoluto. Que a paz possa reinar para sempre em todo o universo no desenvolvimento contínuo de sua pureza e pelo empenho dos futuros heróis que, conforme a promessa do Bhagavatam, serão abençoados com poderes do Pai Onipotente, o Criador, Preservador e Aniquilador de todas as coisas no Céu e na Terra.




*Srimad-Bhagavatam [Canto 11, Cap 1 Verso17]

*Todas as glórias a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada!

*Srimad-Bhagavatam [Canto 11, Cap 1 Verso17]

A maldição contra a dinastia Yadu

Tradução

Ao ouvirem a maldição dos sábios, os aterrorizados rapazes imediatamente levantaram a vestimenta que cobria o ventre de Samba e de fato observaram que lá havia uma maça de ferro.

Significado

Ao ouvirem as palavras dos vaisnavas, encabeçados por Narada, os jovens Yadus levantaram a vestimenta que cobria o abdômen de Samba e viram o fruto da ofensa que eles cometeram contra os vaisnavas por meio de sua enganação: uma verdadeira maça estava lá para destruir a dinastia deles. Este exemplo mostra qua numa sociedade contaminada, a maça da duplicidade jamais pode trazer a paz encontrada na sociedade de devotos. Ao contrário, semelhante duplicidade destrói todas as atividades não devocionais e doutrinas caprichosas dos pseudosdevotos. Os jovens Yadus estavam preocupados em não ameaçar a posição avançada deles e de fato pensavam que enquanto mantívessem oculta a sua velhacaria, os outros jamais poderiam detectar tal enganação sofisticada. Entretanto, eles não puderam proteger sua família da reação à grave ofensa que cometeram contra os devotos do Senhor.

Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare

Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare

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sábado, 8 de maio de 2010

Livros Transcendentais e os Vedas


Existem três autoridades no caminho espiritual: o guru, os devotos santos e as escrituras. As sagradas literaturas são o som transcendental (sabda-brahma) que entra o coração e desperta nossa consciência de Krishna, nosso amor por Deus.

As escrituras védicas são a base da filosofia da consciência de Krishna. Todos os pontos filosóficos nesse Portal Hare Krishna são diretamente tirados das escrituras ou são firmemente baseado nelas. Especulação, interpretação solta, distorção das palavras e imaginação não são caminhos válidos para a compreensão espiritual. O aspirante espiritual sincero merece saber tudo de forma clara e definitiva.

Então o que torna as escrituras autorizadas, e quais são as mais importantes?

A fonte original dos Vedas é o próprio Senhor Krishna, que transmitiu esse conhecimento para Brahma, o primeiro ser vivo criado no Universo. Em eras passadas, os Vedas eram ensinados por gurus qualificados para discípulos qualificados sem alterações. No começo dessa era, Srila Vyasadeva, a encarnação literária do Senhor, compilou todos os Vedas, escrituras auxiliares e histórias na forma escrita para protegê-los das dificuldades que estavam para vir.

O assunto principal das escrituras é nosso relacionamento com Deus, o processo de reviver esse relacionamento e o objetivo último – amor a Deus. Uma clara compreensão desses assuntos no leva na direção correta.

Os mais importantes livros transcendentais são o Bhagavad-gita e o Srimad-Bhagavatam. O Bhagavad-gita foi diretamente falado por Krishna e mesmo hoje é o livro sagrado Indiano mais famoso. O Srimad-Bhagavatam é chamado o fruto maduro da árvore da literature Védica e descreve as atividades do Senhor e Seus devotos em detalhe. Com o esforço sobrehumano de Srila Prabhupada, o fundador-acharya do Movimento Hare Krishna, essa e outras escrituras foram traduzidas e publicadas em Inglês e depois em dezenas de outros idiomas mundo afora. Visite nossa seção de Livros para conhecer mais. Das três autoridades na vida espiritual – o guru, os devotos e as escrituras – as escrituras são a autoridade máxima. Portanto, devotos devem regularmente estudar e discutir esses livros transcendentais a ponto de se tornarem muito bem versados neles.

“Assistindo regularmente às aulas sobre o Srimad Bhagavatam e prestando serviço ao devoto puro, tudo que é molesto ao coração é quase que completamente destruído, e o serviço amoroso à Personalidade de Deus, ao qual se louva com canções transcendentais, se estabelece como um fato irrevogável.” (Bhagavatam 1.2.18)

(fonte: http://pt.krishna.com/main.php?id=124)

O Que São Os Vedas?

Os Vedas são as escrituras mais antigas do mundo, mas sua data de origem nunca pôde ser fixada, nem poderá, pois eles são eternos. Enquanto outras religiões clamam que sua autoridade foi dada por Deus ou um representante dEle, os Vedas clamam que não devem sua autoridade a ninguém: eles mesmos são a autoridade, sendo eternamente o conhecimento de Deus. Eles nunca foram escritos ou criados, tendo existido por todo o tempo; assim como a criação é infinita e eterna assim também é o conhecimento de Deus. E esse conhecimento é o que significa Veda (=conhecimento, em sânscrito). Os Vedas formam um guia prático de como viver bem neste mundo, com um mínimo de esforço e tensão, e ser elevado ao mundo espiritual (o reino de Deus) no final da vida. Eles pavimentam o caminho para a liberação final (moksha) pela boa conduta e, assim, sua mensagem passa por todas as barreiras de país, credo ou tempo. Eles são universais em seu significado e apelo, pertencem a toda a humanidade e são para todas as épocas. O grande pensador alemão Max Müller disse: “Eu afirmo que para um estudo do homem, não há nada no mundo igual em importância com os Vedas. Eu afirmo que para todos que prezam a si mesmos, a seus antepassados, a sua história ou a seu desenvolvimento intelectual, o estudo da literatura védica é indispensável.”

Deus É Um Só

Os Vedas categoricamente declararam muitas vezes que a realidade é uma só, apenas os sábios a chamam por diferentes nomes: Deus é um só, mas suas dimensões são várias. Os vários deuses védicos (avataras) são simplesmente diferentes manifestações da mesma realidade indivisa. A verdade é uma só e todos estão buscando por ela. Os diferentes tempos, lugares e circunstâncias particulares é que criam as tão chamadas diferenças. Em seu aspecto original, porém, esta Verdade Absoluta (a Suprema Personalidade de Deus) é conhecida como Krishna, que significa “O Todo-atrativo”.

A História dos Vedas

Como já foi dito, o conhecimento védico é eterno, mas neste universo ele manifestou-se primeiramente no coração de Brahma, o primeiro ser vivo criado, dado pelo Senhor Krishna. Mais tarde, Brahma passou este conhecimento para grandes sábios e místicos que observavam o voto de celibato para poderem mantê-lo na memória e que o difundiram por todo o universo, inclusive no nosso planeta. O conhecimento védico, desde então, vem sendo transmitido oralmente de mestre a discípulo, através de uma corrente de sucessão discipular (parampara), mas, com o começo da era atual (kali-yuga, há 5000 anos), sabendo que as pessoas em geral não teriam essa mesma capacidade de ouvir algo uma única vez e retê-lo na memória por toda a vida, Shrila Vyasadeva, uma encarnação literária de Deus, passou-o para a forma escrita. A escrita já existia antes disso, apenas ela não era necessária!

Algumas Literaturas Védicas

Os Vedas formam um conjunto de 18.000 livros, abrangendo todos os campos do conhecimento humano. A seguir temos alguns deles:

Bhagavad-gita – vida espiritual, contém toda a essência dos Vedas
Shrimad-Bhagavatam – Deus, suas energias e vida espiritual
Ayurveda – medicina
Dhanurveda – ciência militar
Artha Shastra – ciência de governo e política
Gandharva Veda – arte da música, dança, drama etc.
Vastu shastra – arquitetura
Ratha shilpa – carros
Nauka shilpa – barcos
Vimana shilpa – aeroplanos
Durga shilpa – fortes
Nagara shilpa – cidades
Murthy shilpa – escultura
Manu Samhita – código de leis

O Sânscrito

O sânscrito é a antiga língua sagrada e forma literária usada nos textos védicos. Ele é de grande interesse para lingüistas por causa do estímulo que sua introdução no meio acadêmico Ocidental deu ao desenvolvimento da moderna ciência lingüística. Seu nome original é devanagari ou a “escrita dos deuses”. É uma língua perfeita, como o próprio nome diz (sânscrito vem de samskrta, isto é, bhasha samskrta, ou “língua perfeita, regular”), pois foi criada pela própria Suprema Personalidade de Deus, Shri Krishna, sendo portanto totalmente espiritual, e é a língua usada no mundo espiritual (vaikuntha). O sânscrito não é falado, mas cantado e de sonoridade impressionante. Por ser espiritual, o simples ato de vibrar mantras em sânscrito já nos coloca em sintonia com níveis superiores de existência, especialmente o maha mantra Hare Krishna, pois é a própria encarnação sonora de Deus e não é diferente dEle, visto que Deus é absoluto. É por isso que sempre o cantamos, onde quer que estejamos e a qualquer momento.

Simplesmente cante:


HARE KRISHNA HARE KRISHNA

KRISHNA KRISHNA HARE HARE

HARE RAMA HARE RAMA

RAMA RAMA HARE HARE


quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Vaisnava é um oceano de misericórdia.

Depois de ouvir a descrição que Sukadeva Gosvami deu dos planetas infernais, Paraksit Mahraja disse: "Senhor, ouvi-te falar sobre os planetas infernais. Os homens muito pecaminosos são enviados a tais planetas." Pariksit Maharaja é um devoto vaisnava, e o vaisnava sempre sente compaixão pela aflição e sofrimento de seus semelhantes. Ele fica muito aflito com o sofrimento dos outros. Quando o Senhor Jesus Cristo apareceu, por exemplo, estava sumamente entristecido pelas condições de sofrimento em que as pessoas se encontravam. todos os Vaisnavas, ou devotos - qualquer pessoa consciente de Deus, ou consciente de Krsna - , são assim compassivas, seja qual for o país ou religião a que pertençam. Portanto, blasfemar um vaisnava, um pregador das glórias de Deus, é uma grande ofensa. Krsna, Deus, nunca tolera as ofensas cometidas aos pés de lótus de um Vaisnava puro. Contudo, o Vaisnava está sempre pronto a perdoar tais ofensas. O Vaisnava é um oceano de misericórdia.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Verdadeira Identidade de Shalagrama


Esse texto foi extraído do blog de Prahladesh Dasa Adhikari

Poderoso Shalagrama Katha dado por Sriman Aindra Prabhu:
O Antar Svarupa de Salagrama - A Verdadeira Identidade de Shalagrama
"Todas as glórias a todos vocês, Hare Krsna !!!
om ajnana-timirandhasya jnananjana-salakaya caksur unmilitam yena tasmai sri- gurave namah
sri-caitanya-mano-bhistam staphitam yena bhutale svayam rupah kada mahyam dadati sva padantikam
Hare Krsna !!!
Eu não sou muito bom em fazer piadas e contar coisas, nem tenho comigo um computador bem a minha frente como o devoto de hoje de manhã tinha durante a aula. Então o que vou fazer é simplesmente falar o que for possível sobre alguns tópicos e poderemos almejar o melhor e esperar o pior. Ok?
O que vamos falar agora, um ponto muito forte que as pessoas tocam quando vêm ao meu quarto para ter Darshan de todas as minhas Salagramas.
Tenho muitas Shalagramas, mais de 1200 neste momento, e isto ocupa-me mais ou menos 4 horas diariamente na adoração, para fazer o Puja. Alguém poderá dizer que isto ocupa-me demais, mas devemos entender que pelo menos minha Deidade Pradhana é Govardhana, minha Govardhana é minha Deidade Pradhana. Na verdade tenho quatro Govardhana Shilas e mais de 1200 Shalagramas.
Então, o que eu gostaria de falar é sobre o Antar Svarupa de Shalagrama, ou o aspecto interno da Shalagrama.
Porque ao longo anos, muitas e muitas vezes eu ouço devotos que vêm até mim de diferentes facções da Tradição Gaudiya, tentando convencer-me ou pelo menos a expressar para mim que a adoração à Shalagrama não esta na nossa linha.
Eles dizem que a nossa linha é no humor de Vraja Bhava, e assim nossa linha é adorar Govardhana Shila, porque Govardhana Shila está conectada com Vraja, e é Krsna Vraja Parakiya Rasa Mayi e Shalagrama Shila é Aisvarya Mayi e não adoração Madhurya Mayi.
Mas devemos perceber que temos somente uma pequena percepção sobre o que é a adoração a Shalagrama Shila.
A adoração à Shalagrama Shila não é menos Madhurya Mayi do que a adoração à Govardhana. É simplesmente uma questão do Adhikara da pessoa individual e a sua capacidade interna de acomodar este aspecto na adoração à Shalagrama.
A prova de que Shalagrama é Madhurya Mayi, a prova mais sólida é Radha Ramanaji. Se a adoração a Shalagrama não está na nossa linha, na linha Gaudiya, então porque Caitanya Mahaprabhu apareceu num sonho para Gopal Battha Goswami e disse-lhe para ir ao Nepal obter Sua misericórdia, e qual foi esta misericórdia que ele obteve?
Quando estava a tomar seu banho, e quando estava a recolher alguma água do rio Kali Kandaki, e algumas Shalagramas vieram parar no seu Kamandalu (pote), e ele colocou-as novamente no rio, e novamente elas vieram e mais uma vez ele colcou-as no rio, e na terceira vez quando elas vieram, ele viu que eram doze Shalagrama Shilas no seu pote. Então ele pensou que: "Talvez elas queiram estar comigo". E assim, esta foi a misericórdia que Mahaprabhu estava a referir-se.
Então ele trouxe as Shalagramas para Vraja e o resto da história vocês conhecem como Shalagrama manifestou-se no dia a seguir a Nrsimha Caturdasi como Radha Ramanaji expandindo-Se naquela forma. Pelo menos é o que nos é informado, visto que não nos é permitido ver a parte de trás de Radha Ramanaji, vocês sabem somente aos Goswamis do Templo de Radha Ramana isto é permitido, eles não permitem ninguém no Altar e assim temos que mais ou menos aceitar sua versão. Então Radha Ramana.
Estava a falar com Atul Krsna Goswami a alguns anos atrás, e isto era numa conversa aonde estávamos a falar sobre a viabilidade de adorar Govardhana Shila como Radha, porque há algum debate sobre isto.
Raghunatha Dasa Goswami sempre concebeu Govardhana Sila como Radha Krsna. Govardhana Shila era vista por ele directamente como Krsna e Gunja Mala representando Radharani. E alguém pode dizer isto talvez porque Mahaprabhu deu-lhe a Govardhana Shila representando Krsna e a Gunja Mala representando o abraço de Radharani, e assim Govardhana deveria ser adorada desta forma, e que este deveria ser o padrão aceito.
Mas existem muitos Templos aqui que adoram uma Shila como Krsna e outra Shila como Radha.
Não entrarei muito neste ponto sobre Govardhana, mas a idéia é, o motivo porque mencionei isto, porque Atul Krsna Goswami quando estavamos a falar sobre que no princípio de Bhava Seva existe uma diferença entre Vidhi Marga e Raga Marga e a exteriorização disto e a praticabilidade disto como Bhava Seva em relação a adoração à Deidade.
Quando eu mencionei Bhava Seva, Atul Krsna Goswami disse-me que em Bhava Seva não existem limitações. Lembro-me também de falar com Visvambhara Goswami, o pai de Padmanabha Goswami no Radha Ramana a muitos anos atrás, e ele mencionou como, porque algum debate houve referente ao desentendimento que tive com Narayana Maharaja referente a que uma Govardhana Shila não poderia ser adorada juntamente com uma Dwarka Shila.
E o argumento de Narayana Maharaja era que a Dwarka Shila tinha um Bhava diferente, e que não esta em Vraja Bhava, e dizia mais, que a Dwarka Shila deveria ser adorada como Rukmini, estão a ver, de Dwarka. Na verdade não é de Dwarka, mas do rio Gomati. Assim como Shalagrama é do rio Kali Kandaki nos Himalayas não significa que não pertence a Vraja, é a expansão de Gupta (Oculta) Vrndavana.
De qualquer forma, Visvambhara Goswami levantou o ponto de que eu poderia pegar este relógio, ou um relógio de ouro, pô-lo no Altar e adorá-lo como Radharani. Ele disse que talvez você não seja capaz de fazer isto, mas eu posso, porque posso conectar o externo com o interno, e é um facto que praticamente qualquer coisa pode ser tomada e ser adorada como Radharani, porque cada coisa neste mundo é uma expansão da energia de Radharani.
Maha Maya também é Radharani.
Prabhupada disse que ela é uma fase da Lua chamada Radharani, como a Lua crescente, enquanto Radharani é a Lua cheia, mas é a mesma Lua, vejam, a Lua crescente é a mesma Lua cheia.
Então, neste sentido ele estava a elaborar este ponto.
Desta forma, Atul Krsna Goswami estava a enfatizar o princípio de Bhava Seva, porque de acordo com este princípio de Bhava Seva você pode adorar até mesmo um relógio como Radharani, então o que falar de adorar minha Govardhana Shila como Radharani juntamente com outra Govardhana Shila, e sua argumentação era que no Hari Bhakti Vilasa é mencionado que Shalagrama é melhor adorada juntamente com Gomati Cakra ou Dwarka Sila.
Mas quando mais a frente ele estava a traduzir o Hari Bhakti Vilasa na minha presença numa das secções e estava a descrever como Sanatana Goswami explicou que embora qualquer Deidade de Visnu Tattva possa ser adorada na Shalagrama Sila, qualquer expansão de Visnu Tattva, como Varaha, Kurma, Nrsimha, independentemente das caracteísticas externas, os diferentes Cakras, coisas que são visíveis para nós, ou seja, por exemplo que mesmo que se de acordo com o Shastra identificamos uma Kurma Sila podemos adorá-la como Nrsimha Sila, ou em outras palavras, Nrsimhadeva pode ser adorado numa Kurma Sila, ou Vamanadeva, praticamente qualquer um dEles.
Assim, Visvambhara Goswami mencionou para mim que Sanatana Goswami comentou que mesmo que você possa adorar qualquer Visnu Tattva em qualquer Shalagrama independentemente do Laksana externo, um devoto puro de Krsna irá sempre ver seu ou sua Ista Deva em qualquer Shalagrama independentemente do Laksana externo.
E assim, ele estava a dizer que um devoto puro de Krsna, se é um devoto de Dwarkadish Krsna e está a adorar uma Shalagrama neste humor, desejando ver a forma de Dwarkadish, então Krsna é Bhava Grahi Janardana, ele reciproca com o Bhava individual de cada um em Bhava Seva, e então o Bhava de adorar Dwarkadish certamente acomoda a idéia de Narayana Maharaja que a Dwarka Sila seria Rukmini, porque Rukmini esta em Svakiya Rasa, esta em Dwarka Bhava.
E então, é apropriado adorar Dwarka Sila com Shalagrama no humor de adorar Rukmini Dwarkadish, porque afinal de contas eles devem ser adorados juntos. Assim como você verá? Krsna e Sankarsana ou Baladeva, ver em termos de Sakti Tattva que estão incluídos na Shila.
Mas se o devoto é devoto de Vrajendranandana Krsna, então será inapropriado que o devoto de Vrajendranandana Krsna veja seu Ista Deva Vrajendranandana Krsna na Shila pensando que a Dwarka Sila é Rukmini. Se ele comete este engano, então a Rasa Bhasa está na sua própria concepção errada de pensamento. Não que Rasa Bhasa esteja no objecto que está a ser adorado, como Narayana Maharaja salienta que Govardhana Shila é Vrajendranandana Krsna e que a Dwarka Sila não está em Vraja Bhava e que portanto é Rasa Bhasa. E portanto, tal adoração não pode ser feita.
Mas eu apreciei o argumento de Visvambhara Goswami, porque ele salientou o ponto de que a adoração de Vrajendranandana Krsna na Shalagrama Sila somente será apropriada se feita juntamente com Radharani presente na Dwarka Sila, e que a Dwarka Sila também é Bhava Grahi.
E portanto, de acordo com o desejo individual de ver um aspecto particular de Deus, é assim que a Shalagrama será vista e é assim que a Dwarka Shila será vista, e até mesmo a Govardhana Shila será vista assim, de acordo com um desejo individual, exatamente como aqui no altar do Krsna Balarama Mandir vemos que uma Govardhana Shila é Krsna
e a outra Govardhana Sila é Balarama.
E o Pramana para isto, a prova, é encontrado num livro de Visvanatha Cakravarti Thakura chamado Vraja Riti Cintamani.
Neste livro é mencionado quando Radharani vê uma Shila de cor branca, imediatamente Ela pensa que Balarama está para vir, e assim toma um outro caminho para evitar uma situação embaraçosa, e ele menciona mais a frente quando Radharani vê uma Shila de cor escura, Ela pensa que esta Shila não é ninguém mais do que seu amado Shyama. E quando Krsna vê uma Govardhana Shila dourada, Ele pensa que esta Shila é uma das Suas amadas Gopis, especialmente Radharani. Mas amadas Gopis está no plural. Então temos que no Bhagavad Nivas eles adoram Govardhana Shila, e uma Shila é Krsna, e outra Shila é Radharani, e outras oito Shilas são adoradas como as Ashta Sakis.
Então, isto tem muito a ver com o Adhikara individual, sua elegibilidade, sua capacidade de ver o que é o que, seu desejo, suas aspirações internas de adorar um aspecto particular de Krsna.
E assim, desta forma, Atul Krsna Goswami estava a levantar um ponto comigo deste princípio de Bhava Seva e ele mencionou que quando Gopal Bhattha trouxe as Shilas, ele trouxe doze Shilas, mas uma delas, Damodar Sila transformou-se em Radha Ramanaji, e Radha Ramanaji tem Seu local, mas existem as outras onze Shilas. Então o que eles fizeram? Eles troxeram uma Govardhana Shila e colocaram com estas onze Shilas, Shalagrama Shilas e ele disse que eles adoram-nas como Dwadasa Gopala no Templo de Radha Ramana. Em outras palavras, eles adoram, eles não somente adoram Radha Ramana em Vraja Bhava, mas adoram todas aquelas Shalagramas no humor de Vraja Bhava.
E então, ele colocou este ponto para mim.
Como de acordo com Bhava alguém pode e quer ver, mas deve haver Bhava e não simplesmente uns traços disto. Algo mesmo real manifesto no coração na forma de um desespero sincero de alcançar um relacionamento amoroso com o Senhor do seu coração.
Então, é mesmo assim, temos que ver praticamente qual o humor de Prabhupada. Em alguns locais, no Srimad Bhagavatam ou no Sri Chaitanya Charitamrta nós encontraremos que Prabhupada menciona que Shalagrama é Narayana Shila, mas devemos também lembrar que Narayana é outro nome para Krsna. Narayana não significa necessariamente um nome de Vaikuntha, mas de qualquer forma mesmo que ele tenha mencionado Vaikunthanatha Narayana no humor de Aisvarya.
Meu grande amigo Radhanatha Maharaja, disse-me uma vez que Srila Prabhupada deu duas Shalagramas Shilas para Kuladri que era o Presidente de Nova Vrndavana naquela altura. Uma era adorada pessoalmente por Kuladri Prabhu e a outra foi dada ao Pujari principal para ser adorada no Templo. E este Pujari era Radhanatha Prabhu naquela altura, agora Maharaja.
Então, Radhanatha Maharaja disse-me que Prabhupada instruiu directamente Kuladri para vestir a Shalagrama com Dhoti amarelo, Mor Mukut e uma flauta.
Então quando Vrajendranandana Krsna, quando Krsna deixou Vrndavana e deixou para trás Sua flauta. Não foi? Então onde está o tocador de flauta? O tocador de flauta está em Vrndavana.
Então, Prabhupada disse-lhe que ele deveria adorar com este humor, com Dhoti amarelo, Pitambar Vesha, Mor Mukut e flauta, assim mesmo.
E mais, uma outra prova do humor de Prabhupada é Jananivas em Mayapur.
Prabhupada estava a tentar dar a Jananivas uma Shalagrama Shila, e Jananivas estava recusando aceitar ao dizer a Prabhupada:
"Mas Prabhupada eu não tenho inclinação, não tenho Nistha para adorar Narayana, quero adorar Radha Madhava".
Então qual foi a resposta de Prabhupada?
Ele disse: "Quem disse que Ele é Narayana?"
"Eu digo que Ele é Krsna. Agora apanhe esta Shila e adore-a como não sendo diferente de Madhava".
Então desta forma, Prabhupada expressou-se. E mais...
existem outros pontos no que concerne a identidade interna de Shalagrama, e isto é evidente na história do aparecimento de Shalagrama Shila.
A Gopi Tulasi em Goloka Dhama, vejam, primeiro que tudo isto foi em Vrndavana, Goloka Vrndavana. Este incidente passou-se completamente em Vrndavana e não em Vaikuntha. Quando Tulasi ficou inconsciente, é mencionado num dos Puranas, como Tulasi ficou inconsciente, penso que foi na dança da Rasa, não foi?
Estava a ocorrer a dança da Rasa e Tulasi ficou inconsciente devido ao êxtase de estar com Krsna.
Assim, Radharani ficou insensível, porque depois de tudo o espetáculo deveria continuar, e talvez Ela estivesse fora de Si. De qualquer forma, é descrito como Radharani amaldiçoou Tulasi a descer a este mundo material e quando ela apareceu ela ficou conhecida como Tulasi Maharani. E também, Sudama e não Sridama irmão de Radharani, mas Sudama Gopa num certo ponto, tanto quanto me lembro quando Viraja esta a encontrar-se com Krsna em privado e Radharani queria saber acerca de Krsna e encontrou Sudama na entrada do Viraja Gopi Kunja e Sudama estava a negar que Krsna estava lá. Mas Radharani não aceitou e começou a chamar Viraja para sair.
E Viraja também negou, mas sem se dar conta estava com o Cadar de Krsna, e Radha perguntou de quem era aquele Cadar, e ela amaldiçoou Viraja para aparecer neste mundo material, e amaldiçoou Sudama, porque Sudama estava a negar.
E Ela o amaldiçoou a tornar-se um demônio. E assim ele tornou-se o demônio Sankacuda. E então como geralmente acontece houve uma pequena retaliação.
Sudama amaldiçoou Radharani a ficar longe de Krsna por durante cem anos. E é assim porque em Bhauma Lila quando Krsna vai para algum local distante, para morar, um lugar distante como Dwaraka, por cem anos Ela tem que sentir a separação de Krsna, e cada um destes momentos parecem como milenios devido a mais intensa separação de Krsna.
Na história houve uma benção de Brahma, Tulasi Gopi e Sudama casaram observando os rituais do casamento Gandharva e assim claro que Tulasi estava executando penitências para apaziguar o Senhor Brahma para obter Narayana como seu espôso. Mas vocês consideram que Krsna permitiria que ela casasse com Narayana e não com Ele?
De qualquer forma, primeiramente Tulasi Gopi e Sankacuda casaram-se.
Ambos eram Jati Smarana, ou seja, eles sabiam de suas vidas anteriores em Goloka Dhama. Eles nunca perderam suas memórias de suas posições como Gopa e Gopi. Mas porque havia um pequeno desejo no coração de Sudama sendo uma manifestação parcial de Krsna, uma manifestação do Svarupa Sakti do seu Purusha Abhimana Krsna, naturalmente ele tinha um pouco de Purusha Bhava nele próprio e ele desejou unir-se a Tulasi Gopi e dessa forma arranjos foram feitos no "sistema transcedental", como Prabhupada costumava dizer para que os dois pudessem unir-se não em Goloka Dhama mas no mundo material.
Então eles tornaram-se marido e mulher e Brahma deu a benção a Sankacuda de que sempre que ele estivesse com um amuleto de Narayana Kavaca e também que se sua espôsa se mantivesse impoluta e intocada por outro homem, ele seria invencível.
Então ele tornou-se um pouco orgulhoso, embora seja um devoto de primeira classe de Krsna. Mesmo como Sankacuda, ele adorava Krsna, Vrajendranandana Krsna e não Narayana.
E no curso da sua exploração universal os Semideuses tornaram-se perturbados e aproximaram-se do Senhor Brahma que delegou a responsabilidade ao Senhor Shiva.
E assim o Senhor Shiva aceitou o desafiou de lutar com Sankacuda. E eles lutaram, lutaram, lutaram e o Senhor Siva usou sua arma poderosa Pasu Pati mas não conseguia vencê-lo porque a benção de Brahma mantinha-se intacta, e ainda que Sankacuda fosse capaz de matá-lo visto que está numa posição superior a Siva, e não sabemos porque não o fez, sendo uma manifestação de Vrajendranandana Krsna. Mas de qualquer forma isto é Lila.
Então a Lila foi que os Semideuses aproximaram-se de Visnu e Visnu disse: "Não temam que Hari irá tomar conta de tudo".
Mas a qual Hari estava Visnu a referir-se?
E assim Hari assumiu a forma de um Brahmana idoso que aproximou-se de Sankacuda, o qual era muito atencioso para com os Brahmanas, e Sankacuda foi mais ou menos forçado pelas circunstâncias a abandonar sua Kavaca.
Então Hari disfarçadamente, assim como, temos que lembrar-nos, como dizer, que Hari é muito "enganador". Assim como as vezes Krsna assume a forma dos Semideuses, ou as vezes Krsna assume uma forma feminina, ou as vezes Krsna assume a forma de quatro braços de Narayana. Assim como em Govardhana ao fazer a Rasa Lila, e as Gopis estavam a procura de Krsna e elas prostraram-se perante a forma de quatro braços mas que não era Narayana. Era Krsna a brincar, a fazer um "show". Então quando Radharani veio , Ele não conseguiu manter-se. Ele "descontrolou-se" e perdeu Seus dois outros braços.
Desta forma, Krsna é perito em assumir diferentes disfarces. Assim como assumiu o disfarce de um Brahmana idoso, também assumiu um disfarce perfeito, uma representação perfeita, uma réplica de Sankacuda.
E como um marido impostor, um Sankacuda impostor aproximou-se do palácio de Tulasi Maharani com muita pompa e distinção como se estivesse a voltar vitorioso da batalha.
Então Tulasi Maharani recebeu-o e apropriadamente recompensou-o na privacidade dos seus aposentos. Mas depois de estarem juntos, ela realizou que os sentimentos que tinha naquela circunstância não eram os mesmos quando estava junto com Sankacuda. Mais, era muito diferente e arrebatador. Afinal de contas, era Krsna directamente.
Devemos analizar o que realmente aconteceu naquela altura.
Você não vai encontrar em nenhuma parte dos Shastras que Narayana é Parakya Rasa Mayi. Ele não desfruta Parakya Rasa. Visnu não desfruta de Parakya Rasa. Nem nenhum dos Dasa Avataras desfrutam Parakya Rasa, com excepção de Balarama, Vrajendranandana Balarama.
O facto é que Sankacuda, o Sankacuda impostor que era Hari Ele mesmo estava a desfrutar da mulher de outro em Parakiya Rasa.
Somente Krsna e Balarama, um aspecto de Balarama em Vraja, desfrutam de Parakya Rasa.
E assim como Ele aceitou a forma de quatro braços perante Tulasi, também aceitou a forma de quatro braços perante as outras Gopis que não eram Tulasi Gopi e nenhuma delas fez com que Ele deixasse Seus quatro braços. Somente Radharani fê-lo. Portanto, Ele era bastante capaz de manter Sua forma de quatro braços perante Tulasi.
Então Tulasi Gopi tornou-se muito desgostosa após perceber que Sankacuda que ela sabia ser um devoto muito querido do Senhor Krsna havia sido derrotado. Ela disse a este Hari, com quatro braços: "Como pudestes fazer isto? Simplesmente para satisfazer os Semideuses, Sakama Bhaktas, como pensastes em destruir Teu próprio devoto, quando pessoalmete dissestes: "Meu devoto jamais perece". Como pudestes fazer tal coisa? Tens o coração tão duro que preferes satisfazer os Semideuses ao invés do Teu devoto puro. E então porque Teu coração é tão duro como uma pedra, eu amaldiçoo-Te a tornar-Te numa pedra."
Mas quem ela amaldiçoou a tornar-se numa pedra?
Ela amaldiçoou aquela pessoa que provocou a queda do Seu próprio devoto.
Devoto de quem?
De quem Sankacuda era devoto? Ele era devoto de Krsna desde sempre.
Ele era devoto de Krsna. E a razão porque ela estava a amaldiçoá-Lo era porque ela realizou que Ele tinha feito Parakya Rasa com ela, e ela tornou-se poluída e assim a benção de Brahma tinha terminado e fê-la perceber que a vida de Sankacuda havia terminado.
Então, porque Ele é Parakya Rasa Mayi, e porque Ele matou Seu próprio devoto, um devoto de Vrajendranandana Krsna. Devemos compreender que quem foi amaldiçoado a tornar-se uma pedra foi na verdade Krsna.
Krsna é quem foi a maldiçoado a tornar-se uma pedra.
E assim, foi Krsna que tornou-se numa Shalagrama. E o Shastra estabelece que Krsna, Vrajendranandana Krsna, isto é mencionado nos Puranas que Vrajendranandana Krsna está presente em todas as Salagramas, independentemente das características externas.
Então, se Vrajendranandana Krsna está em todas as Shalagramas não é de estranhar que a Damodara Shila tenha se manifestado como Radha Ramana.
Quem é Radha Ramana?
Ele é aquele que dá prazer à Radharani. Ele não é aquele que dá prazer à Laksmi, não é aquele que dá prazer à Rukmini, nem certamente dá prazer à Kubja, mas é aquele que dá prazer á Radharani.
Então este Krsna que desfruta de Parakya Rasa assim como desfrutou de Parakya Rasa com Tulasi Maharani é a identidade real de Salagrama.
Shalagrama é Krsna, Shalagrama é Vrajendranandana Krsna. Ele é o amante das Gopis, o amante de Radharani, o filho de Nanda Baba, o amigo de Subala, este é Shalagrama.
Então se este é Shalagrama, e você pensa que Shalagrama é Asvarya Bhava Mayi, então esta sim é Rasa Bhasa, e porque você está absorto em adorar Vrajendranandana Krsna como Aisvarya Mayi, a Personalidade de Deus, como você pensa que Vrajendranandana Krsna irá revelar-se para você? Porque Ele iria revelar-se para alguém completamente incapaz de identificar Sua verdadeira identidade? Ele irá iludir o devoto, permitindo que tal devoto pense que Ele é Aisvarya Mayi Narayana ou o que seja e que não está na nossa linha.Em relação a identificar uma Shalagrama Shila de acordo com suas marcas externas, eu não me interesso muito sobre isto.
A dificuldade é que no Sastra menciona-se um tipo de Shila como Sankarsana mas num outro Shastra o mesmo tipo de Shila é mencionada como Pradyumna. Qual está certo?
E em muitos locais isto ocorre. É frustrante quando você tenta perceber qual o tipo de Shila.
Algumas Shilas são consideradas inauspiciosas para a adoração e algumas são consideradas auspiciosas.
Mas somente um tolo poderia considerar que existe algo de inauspicioso e auspicioso acerca de Krsna.
Se alguém pensa que existe algo de inauspicioso acerca de qualquer Shila, mesmo uma Shila quebrada, então ele merece obter o resultado de adorar uma Shila quebrada que é aumentar a ansiedade, desapontamento, a morte, a morte da espôsa, doença, assim como uma Shila vermelha que diz-se que aumenta as doenças, eu tenho duas Shilas vermelhas, talvez por isso tenha sempre problemas na garganta.
Mas este é um preço muito pequeno à pagar pelo amor à Deus.
Aqueles que são Sakama Bhaktas irão considerar o Laksana de que se é benéfico adorar uma Shila ou não. Mas Niskama Bhaktas e devotos puros não pensam nestes termos. Mais eles não adoram para obter resultados, mas adoram para dar prazer à Krsna.
Eles adoram porque não podem viver sem Krsna e necessitam estar ocupados na sua relação original constitucional com Krsna, e Shalagrama tão bondosamente apareceu, independentemente da identidade de Shalagrama.Nós sabemos quem é Shalagrama. Salagrama é Krsna. Mas porque Ele aparece em diferentes disfarces como descrevemos anteriormente, da mesma maneira Ele manifesta diferentes disfarces para confundir devotos menos avançados, Prakrta Bhaktas ou para pensarmos que Ele é quem na verdade não é. Ou então Ele coloca estas diferentes vestimentas para lembrar os puros devotos dos diferentes aspectos da personalidade de Krsna. A personalidade de Krsna é a origem de todas as outras personalidades de Deus.
Vocês encontrarão no Hamsaduta de Rupa Goswami e no Ananda Vrndavana Campu de Kavi Karnapura a descrição de como as Gopis vêm Krsna como Dasa Avatara. Elas dirão que Krsna com Candravali, parece-se com Nrsimha Krsna. As Sakhis de Radha provocam Krsna desta forma. Em outras palavras, podemos ver o aspecto original de Nrsimhadeva em Krsna. Em Krsna, a personalidade original do qual tudo vem a ser. Qualquer coisa que exista em Nrsimhadeva, existe originalmente na personalidade de Krsna. Então Ele manifesta-se como uma Nrsimha Shila para relembrar Seu devoto deste aspecto da Sua personalidade. Da mesma forma, Ele manifesta-se como uma Vamana Shila. Assim como Vamana tomou tudo de Bali. Bali ofereceu tudo ao Senhor Vamana que queria mais. Então, da mesma forma Radharani oferece tudo à Krsna, e Krsna de uma forma ingrata, claro que Ele nunca é ingrato, proporciona uma separação insuportável. E assim, diferentes aspectos da personalidade de Krsna podem ser vistas em diferentes situações. E isto não deve perturbar nosso Ekantika Bhava. Se você adora Shalagrama, muitas e muitas Shalagramas. Eu tenho mais de 1200, mas vejo-as todas como Krsna. Com excepção de um último ponto, assim como qualquer Visnu Tattva pode ser adorado em qualquer Shalagrama, Shalagrama pode ser adorada como Gaura Krsna. Por adorar Shalagrama como Gaura Krsna, Gaura nunca considera nenhuma ofensa. Nesta adoração à Shalagrama as ofensas na adoração à Deidade, Seva Aparadha, são destruídas. E a prova de que Shalagrama é Gaura, e pode ser adorada como Gaura é também Radha Ramana. Gaura apareceu num sonho para Gopal Battha Goswami e expressou que Ele não era diferente de Radha Ramana. Radha Ramana é Caitanya Mahaprabhu, embora seja adorado como Radha Ramana e muitos pensem nEle em termos de ser Krsna, mas ao mesmo tempo vêm-No como Caitanya Mahaprabhu. Somos seguidores de Caitanya Mahaprabhu. Eu também adoro uma Shalagrama como Caitanya Mahaprabhu e outra Shalagrama como Nityananda e tenho duas Shalagramas que adoro como Syama Balarama. Tenho uma clara que adoro como Balarama. Todas as outras são escuras porque sinto falta Dele. Eu adorei Radha Syamasundara todos os dias por um ano e meio no Templo e quando deixei este seviço pelo serviço de Kirtana, e isto tornou-se bastante intenso para mim eu precisei de algo para preencher o espaço vazio de todo aquele "negro".
E assim precisei de pelo menos 1200 Salagramas (risadas) para satisfazer meu desespero deste "negro", o qual tem tudo a ver com Syamasundara."
Fim da citação.
Vosso servo
Prahladesh Dasa Adhikari

terça-feira, 20 de abril de 2010

O QUE É VÉDICO?


Extraído de encontros com S.S. Hridayananda das Goswami Acharyadeva em maio 2002 e janeiro 2003


INTRODUÇÃO


Uma definição bastante ampla do termo védico é tudo aquilo que é baseado em conhecimento. Afinal, a palavra veda significa conhecimento em sânscrito. Assim, védico seria aquilo que é fruto de um conhecimento mais completo, mais elevado. Uma definição mais precisa é que védico é aquilo que nos leva a conhecer Krishna, que nos aproxima de Deus, conforme a definição dos Vedas que Krishna explica no Bhagavad-gita, verso 15.15 [1] Assim, em última análise, védico é aquilo que nos traz conhecimento de Deus, de Krishna, que é o conhecimento mais elevado e mais completo.

Portanto, o ponto inicial mais importante de se compreender é que védico não significa indiano. Existe uma grande confusão a esse respeito. O que acontece é que o conhecimento védico manifestou-se primariamente naquela parte do mundo que hoje chamamos de Índia e foi lá que foi mais preservado. Porém, misturado ao conhecimento puro védico está uma enorme bagagem cultural local, muito influenciada pelos invasores muçulmanos e também fruto da decadência típica da nossa atual era. Assim, podemos encontrar superstições (muito comum na Índia), rituais de todo tipo (também algo muito popular na religiosidade do povo da Índia) e outros elementos da cultura mundana local. Um exemplo prático disso é visto no Caitanya Bhagavata, onde, na descrição do casamento de Sri Caitanya Mahaprabhu com Srimati Vishnupriya, é descrito que entre os tradicionais rituais védicos de casamento muitos outros costumes locais foram também observados. Ou seja, mesmo há mais de 500 anos, na cidade onde o Senhor apareceu, distinguia-se entre a cultura védica e a cultura local.

“Há muitas coisas na Índia que são mais védicas que no ocidente, e muitas coisas no ocidente que são mais védicas que na Índia” (Sua Santidade Hridayananda Das Goswami Acharyadeva).

Como separar o joio do trigo? Baseando-se nas escrituras confirmadas por todos os grandes acaryas (mestres espirituais) de nossa linha de sucessão discipular (parampara), que inclui a própria Suprema Personalidade de Deus, Sri Caitanya Mahaprabhu, ou seja: o Srimad Bhagavatam, Bhagavad-gita, Sri Caitanya Caritamrta, etc. Afinal, o que Srila Prabhupada trouxe ao Ocidente foi uma ciência espiritual perfeita, não o hinduísmo. Certa vez, em um discurso dado na sua volta triunfal à Índia, Srila Prabhupada enfaticamente disse aos seus compatriotas: “Se vocês tentarem converter um ocidental ao hinduísmo, ele vai lhes dar um chute na cara!” Não é isso que Prabhupada veio fazer no Ocidente. Ele veio trazer algo puro, acima de qualquer influência geográfica ou temporal, algo verdadeiramente universal. É essa ciência universal da consciência de Krishna que ele, e todo nosso parampara, deseja ver sendo distribuída ao mundo. O mundo não está interessado em mais uma manifestação mundana de cultura e religiosidade. As pessoas estão cada vez mais querendo encontrar um conhecimento científico puro e completo para dar sentido e propósito à vida; um conhecimento universal que torne nossas vidas mais saudáveis e felizes. E é exatamente isso que o Srimad Bhagavatam e o Bhagavad-gita ensinam.

ASPECTOS EXTERNOS

É claro que não há dúvida quanto ao aspecto verdadeiramente espiritual e filosófico das práticas dentro da ISKCON. As escrituras são detalhadas e os comentários de Srila Prabhupada as tornam cem por cento compreensíveis. A essência de nossas práticas — como os princípios reguladores e o canto do maha-mantra, todo o vasto acervo de informações acerca do mundo espiritual e a vida em outras partes do universo material, o nome, forma e passatempos de Deus, etc. — tudo isso é perfeitamente fidedigno, explicado nas escrituras e por todos acaryas de nosso parampara. Esse é nosso grande tesouro, o conhecimento claro e perfeito acerca do Absoluto que a sociedade humana tanto necessita e que transforma a vida de todos que o recebem.

Porém, em muitos casos, existem alguns aspectos externos de nossas práticas e da forma com a qual apresentamos esse conhecimento no Ocidente que precisam ser examinados, onde há uma nítida confusão entre aquilo que é verdadeiramente védico e aquilo que é apenas indiano, hindu ou simplesmente inventado.

Entre devotos praticantes da consciência de Krishna (vaisnavas) e até mesmo entre acadêmicos, é reconhecido que o Srimad Bhagavatam (também conhecido como Bhagavata Purana) é a mais elevada e importante escritura de devoção a Krishna. Sabemos que alguns textos védicos (outros Puranas, o Mahabharata, etc.) sofreram alterações e não foram perfeitamente preservadas, porém sabe-se e é aceito que tanto o Srimad Bhagavatam como o Bhagavad-gita permanecem inalterados, não existindo qualquer controvérsia quanto a esse ponto. Agora se formos analisar esses dois textos, em especial o Srimad Bhagavatam, em termos de tentar entender os aspectos externos (roupa, arquitetura, tipo de culinária, etc.) das civilizações védicas ali descritas, veremos que pouquíssimos detalhes podem ser apurados. Às vezes na tradução vemos termos como saris ou algum nome específico de preparação culinária, mas, ao analisarmos o sânscrito, veremos que os termos são bastante vagos, como “roupa superior” ou “preparo feito com leite”. Como explicar que um texto tão vasto (cerca de 18 mil versos) e tão importante não contenha tais explicações? A resposta é muito simples: porque não são importantes. O propósito do texto é explicar o que é realmente importante, o que é realmente védico: a consciência de Krishna e o que isso implica em termos de diferentes técnicas de bhakti-yoga, estilo de vida, comportamento, organização social, etc. Ou seja, o texto nos apresenta o que é verdadeiramente védico e não os detalhes externos que variam de tempos em tempos, de um local para outro.

RISCOS

Poderia então se perguntar agora: e qual o problema de estar praticando algo indiano ou hindu? Mas o problema de fato é muito sério. Isso porque nossa missão não é de ser um mero representante da cultura indiana ou hindu, por mais bela e nobre que possa ser. Nosso destino não é de conquistar um pequeno território no campo das culturas e etnias mundiais. Nosso destino é salvar o mundo. Afinal, estamos representando Prabhupada e Krishna, o devoto puro e Deus (re-presentar, apresentar novamente). Prabhupada não veio ao Ocidente para iniciar uma rede de missões culturais da Índia. Ele veio para salvar a humanidade. Portanto, se estamos de alguma forma afetando a imagem de nosso Movimento de forma negativa ou mesmo mal representando a verdadeira cultura védica, então estamos falhando gravemente em nossa atuação, em nossa missão. Afinal, o aspecto externo é aquele que é primeiro visto. Se esse aspecto externo, por alguma falha nossa, é algo pouco atraente, desinteressante ou até mesmo ridículo, estamos então prejudicando a vida espiritual daqueles que, graças a nossa má atuação, perderam o interesse em nossa mensagem, na mensagem de Krishna e Prabhupada antes de conhecê-la. Até mesmo do ponto de vista psicológico, é sabido que o corpo e mente têm uma resistência natural a mudanças. Portanto, quanto mais mudanças, especialmente externas, parecemos exigir, menor será o número de pessoas dispostas a aceitá-las ou sequer se interessar pelo processo, especialmente aqueles já bem sucedidos e estabelecidos na sociedade. Em outras palavras, é de máxima importância apresentarmos apenas a essência, a verdadeira ciência espiritual, para tornar nossa mensagem mais acessível, atraente e mais facilmente aplicável.

O QUE PODE MUDAR?

Devemos ser muito mais cuidadosos na compreensão do sentido verdadeiro do termo “cultura védica”. Não devemos seguir em frente com modelos apenas por que têm sido usados até momento. Pelo contrário, devemos ter a humildade de reconhecer que precisamos mudar, pois, em termos práticos, quase 40 anos após a chegada de Prabhupada no Ocidente, pode-se dizer que nossa influência na sociedade ocidental é zero. Sim, milhões de seres humanos e outros seres vivos se beneficiaram enormemente da consciência de Krishna. Sim, centenas de milhões de livros e revistas foram distribuídos. Incontáveis toneladas de prasadam foram distribuídas mundo afora. Tudo isso é certo, maravilhoso e louvável. Porém, o problema é que nossos objetivos, os objetivos de Prabhupada, são muito mais grandiosos. Estamos aqui para radicalmente mudar a consciência, de materialista para espiritual, de uma significativa parcela dos habitantes do planeta, especialmente seus líderes. Portanto, é válido iniciarmos uma discussão sobre nossos métodos e hábitos, no intuito de aperfeiçoar nossa apresentação e melhor representar a verdadeira cultura védica e a consciência de Krishna ao mundo. Resistir a isso é natural. Todo ser humano tem um mecanismo psicológico onde qualquer prática ou ritual ligado a nossa espiritualidade, se realizada por tempo suficiente e por um número suficiente de pessoas, se torna parte integrante de nossa vida religiosa. Sem considerar a origem, praticidade ou autenticidade dessa prática ou ritual, achamos que nossas vidas espirituais serão seriamente ameaçadas se forem interrompidas ou alteradas. É justamente esse tipo de coisa que nos levou a abandonar nossas tradicionais religiões e nos aprofundar na consciência de Krishna. Não devemos ser sentimentalistas e sim verdadeiro cientistas. Falamos muito que a consciência de Krishna é uma ciência espiritual e não apenas uma religião. Portanto, devemos manter isso em mente ao questionar alguns aspectos de nossas práticas, não só agora, mas sempre. Vale sempre lembrar que isso não é uma licença para a especulação mental. Agir cientificamente em termos espirituais significa se basear cem por cento em guru, sastra e sadhu. Na ISKCON isso implica em levar a cabo as ordens de Srila Prabhupada, especialmente as contidas em seus livros, e não contrariar ou comprometer seus ensinamentos de forma alguma.

Vamos agora analisar alguns aspectos externos praticados na ISKCON:

Roupas

Aquilo que chamamos de “roupa devocional”, ou seja, dhoti, kurtas e saris, não é roupa devocional. Dhotis são usados por pessoas que odeiam Krishna, como os membros do Taliban e outros grupos muçulmanos radicais. Até Osama Bin Laden os usa. Dhotis não passam de roupas usadas na Índia e por outros povos entre o Oriente Médio e o sul e sudeste da Ásia. Roupas usadas por ateus, mayavadis, shivaistas, etc. Saris também são apenas roupas asiáticas, usadas por todo tipo de gente e não é, de forma alguma, algum tipo de exclusividade vaisnavas ou védica. E agora um fato realmente interessante: em todas nossas escrituras antigas sequer podemos encontrar a palavra dhoti ou sari – não são palavras sânscritas. O que se encontra no Mahabharata, na descrição de uma roupa apropriada, é o termo “casto”. Ou seja, a roupa verdadeiramente védica é aquela que é casta, limpa e digna. Isso sim é vestir-se de acordo com a cultura védica. Muitas vezes vemos saris que nem sequer védicos são, pois ao expor em demasiado a barriga de uma mulher deixa de ser uma roupa digna e casta. E, ademais, uma roupa não pode ser devocional ou não, e sim a consciência de quem a usa. Ou seja, não é a etnia da roupa que irá determinar se a consciência de uma pessoa é devocional ou não, e sim a apresentação (castidade, limpeza, dignidade) e comportamento em geral dessa pessoa. Também temos que abandonar essa idéia que todos que praticam a consciência de Krishna são monges e, portanto, precisam se vestir como tal ao ir ao templo, quando na verdade 99% dos membros da ISKCON vivem em casa e se ocupam em atividades não monásticas. Apenas os sacerdotes diretamente responsáveis pelo programa do templo precisam se vestir, serem identificados, como tais. Os demais membros da congregação apenas devem se vestir de forma “normal”, de forma verdadeiramente védica (casta, limpa e digna). Mesmo aqueles que são sannyãsis e sacerdotes no templo, ao sair na rua, podem se vestir de forma discreta (casta, limpa e digna), não com as mesmas roupas que usariam ao realizar um culto ou dar uma aula. Essa é a etiqueta observada no Ocidente, seguida quase na totalidade por sacerdotes de outras religiões. Portanto, não há razão para escolher uma roupa que cause estranheza, uma roupa asiática que nem sequer os líderes desses países usam, como sendo o uniforme de uma ciência espiritual universal, quando podemos optar por algo védico adequado a atual cultura global. A conseqüência disso seria fantástica. Imaginem como melhoraria nossa imagem se nos apresentássemos desta forma. Estaríamos derrubando uma enorme barreira que erguemos. Seria fantástico se as pessoas associassem o devoto como aquele que se veste de forma casta, limpa e digna. É essa a imagem que queremos transmitir.

Música

Achamos que músicas e instrumentos musicais do Ocidente não podem ser védicos. Isso é um grande engano. Pensamos que o harmônio, shenai, mrdanga e kartalas são verdadeiramente védicos. Porém o harmônio é um instrumento de origem alemã e o shenai é do Oriente Médio. Portanto, a origem ou tipo do instrumento não faz diferença alguma e sim o resultado final. Música védica é aquela que é realizada com “conhecimento”. Isso significa conhecimento musical e conhecimento transcendental. Ou seja, a música védica é aquela que não só demonstra um alto grau de harmonia, graça e beleza musical, mas também que eleva nossa consciência a Deus. Por exemplo: Vivaldi era um padre, Bach viveu num mosteiro e Hendel era muito religioso e usava sua música como forma de elevar as pessoas e a glorificar Deus — todos são reconhecidos como gênios musicais. Portanto, suas músicas são cem por cento védicas. Isso é apenas um exemplo; existem, é claro, muitos outros no Ocidente e certamente em outras culturas também. O ponto é entender que védico não significa apenas indiano.

Por outro lado, não basta apenas adicionar o elemento espiritual aos santos nomes de Deus ou Seus passatempos e instruções, para tornar um som em música védica. Se ligarmos uma britadeira e uma serra elétrica e ao mesmo tempo cantarmos o maha-mantra, não podemos afirmar que isso é música devocional. É certo que os santos nomes são absolutos, mas música não. Achar que qualquer barulho é música é fruto de uma sociedade ignorante e certamente contraria o princípio de uma cultura védica, uma cultura de excelência, onde em tudo se busca a perfeição e a elevação. A música na cultura védica, como tudo mais, deve ser uma oferenda a Deus. Da mesma forma que deixamos apenas nossos melhores cozinheiros preparem os alimentos para as Deidades, também precisamos deixar apenas nossos melhores músicos tocarem e cantarem para as Deidades. O kirtana nos templos é uma oferenda musical à Deidade, não algo feito para nosso prazer e desfrute. Portanto, sons estridentes ou perturbadores (como se obtém ao ter vários kartalas e/ou mrdangas sendo mal tocadas simultaneamente), excessivos barulhos (que já levou muitos devotos à perda parcial de audição) e falta de musicalidade é tão ofensivo quanto oferecer um alimento demasiadamente salgado ou queimado para as Deidades.

Nossa ciência espiritual diz que devemos cultivar o modo da bondade, para então transcendê-lo à pura espiritualidade. Onde está o modo da bondade num kirtan onde as pessoas correm o risco de perder sua audição? Onde instrumentos de percussão são usados como uma espécie de terapia primal? Onde o som que é produzido dificilmente seria interpretado como música por qualquer pessoa sana?

Vemos nos passatempos do Senhor Caitanya como Ele pessoalmente escolhia os músicos e cantores para seus kirtans, escolhendo, é claro, os melhores. Até mesmo no início da ISKCON, na década de 1960, ninguém poderia tocar diante da Deidade sem antes passar por um treinamento e ser aprovado. Veja como Prabhupada tocava a mrdanga, que maravilha que é! Mrdanga é um verdadeiro instrumento, que necessita de treinamento e estudo para ser bem tocado. Quem for tocá-lo, especialmente diante das Deidades e dos outros devotos, deve seguir os passos de Prabhupada, estudando e praticando seriamente.

Como seremos respeitados por termos o mais elevado conhecimento e forma de viver se a expressão musical pela qual somos conhecidos e que oferecemos a Deus em nossos templos é algo tão parecido com o som heavy metal e punk? Por acaso os líderes da sociedade global glorificam ou apreciam esse tipo de música? Quantas pessoas respeitáveis de nossa sociedade, professores, médicos, empresários, etc., seriam capazes de se sentirem inspirados ao ouvir um kirtan assim? Podemos fazer lindos kirtans, verdadeiramente doces (madhu, madhu, dizia Bhaktivinode Thakur) — kirtans que invocam o modo da bondade, a devoção, não a paixão desenfreada. Não devemos fazer um show de êxtase devocional, correndo, berrando e estraçalhando as karatalas e mrdangas. Existe um grande risco de confundir êxtase devocional com uma manifestação da nossa cultura original, ou seja, uma cultura onde predomina o modo da ignorância (barulho e dor) e paixão (cantar/tocar a todo volume e ritmo frenético).

Harinam

No caso de Harinam nas ruas, o efeito é ainda pior, muito mais grave, pois estamos forçando as pessoas a se submeterem a algo que para a maioria não é nada atraente (curioso e engraçado na melhor das hipóteses).

Em Bombaim, Prabhupada proibiu o Harinam quando descobriu que era mal visto pela classe alta local. Por acaso a elite das sociedades no Ocidente acha o Harinam atraente e bonito? Na época dos hippies pode ter sido um grande sucesso e altamente eficaz (em atrair hippies), mas será que isso é aplicável ao nosso tempo, lugar e circunstância? E se realmente formos sair às ruas cantando e tocando instrumentos não deveríamos ser duplamente cuidadosos na escolha dos músicos e na roupa que usarão ao nos representarem diante de todo o público?

Cultura do piso

Temos na ISKCON a errônea idéia que cultura védica significa sentar, comer e dormir no chão. Achamos que isso é tão nobre e benéfico, que obrigamos nossos visitantes a fazerem o mesmo em nossos templos. O Srimad Bhagavatam e outras escrituras estão repletas de descrições de móveis, camas, etc. Isso é um bom exemplo de como os devotos da ISKCON assumiram uma cultura artificial, mesmo contrariando as sugestões de Srila Prabhupada, o que dizer, então, da antiga cultura védica. Um exemplo famoso é o de Los Angeles. Quando Prabhupada foi ver a igreja que mais tarde a ISKCON comprou e onde, até hoje, se situa o templo de Los Angeles, os bancos ainda estavam lá. Srila Prabhupada falou para os devotos que eles deveriam deixar os bancos lá para o público ficar mais confortável. Mas, no entusiasmo, os devotos os tiraram, e até hoje continua sem bancos.

Não há razão alguma para não termos lugares para nossos convidados sentarem. É um absurdo achar que devemos impor tal desconforto a aqueles que estão se aproximando de Krishna e Prabhupada e até mesmo impor isso à nossa congregação. Quando devotos têm suas próprias casas, sempre encontramos confortáveis sofás, camas e cadeiras. Por que achamos que no templo o padrão deve ser inferior? Onde está a ciência espiritual nisso?

Talheres

O mesmo pode ser dito da cultura de comer com as mãos. Tudo bem que Srila Prabhupada fazia assim, mas ele foi criado assim. Viveu toda uma vida numa cultura onde se comia assim. É óbvio, portanto, que ele não mudaria ao chegar no Ocidente. Mas esse não é nosso caso e muito menos nossa cultura. Não há vantagem alguma em comer com a mão, se termos talheres disponíveis. Não é mais higiênico ou mais prático. O efeito que tem em nossos visitantes é muito ruim, pois no Ocidente isso não é bem visto. É considerado um tanto grosseiro e estranho, até mesmo repugnante. Portanto, não podemos correr o risco de transmitir uma impressão tão ruim assim por conta de algo que não é védico, nem de forma alguma necessário.

Vamos refletir um momento e pensar o que um ocidental pensaria ao ver pessoas vestindo uma roupa asiática que mais parece uma fralda gigante, sentados no chão, comendo com as mãos... E o pior que nada disso é védico, é necessário ou nos ajuda a desenvolver a consciência de Krishna. Pior ainda prejudica enormemente nossa missão, nosso verdadeiro dever, de difundir a ciência espiritual pura de bhakti-yoga.

Comida

Tanto no Bhagavad-gita como no Srimad Bhagavatam encontramos descrições do tipo de alimento que devemos oferecer a Deus e comer. Diversas vezes é explicado que devemos oferecer e então comer alimentos no modo da bondade. Tais alimentos são descritos no BG (17.8) como sendo aqueles que aumentam a duração da vida, são saudáveis, purificam nossa existência, nos dão força, felicidade e satisfação. Isso, portanto, é comida védica.

Não há necessidade alguma de ser comida indiana. Nem tampouco podemos achar que podemos comer todo tipo de fritura e doce ou pratos cheios de queijos industrias (todo queijo amarelo no Brasil contém coalho bovino!).

Basta ver a saúde precária de muitos devotos antigos, que se submeteram a uma dieta nada saudável de excessiva gordura e açúcar. Os devotos não deveriam ser conhecidos como aqueles que fazem saborosos pratos Indianos (um rótulo étnico), mas, sim, como aqueles que fazem saborosos pratos que, “aumentam a duração da vida, são saudáveis, purificam nossa existência, nos dão força, felicidade e satisfação” (que seria reconhecimento de um conhecimento superior e científico).

Cada vez mais as pessoas buscam tais alimentos e deveríamos ensinar ao mundo como comer assim, uma vez que isso é uma parte intrínseca da verdadeira ciência espiritual da consciência de Krishna.

Cantando japa nas ruas

Até mesmo o simples ato de cantar japa nas ruas, com a mão no saquinho, tem resultados contraproducentes para nossa pregação. Vamos apenas refletir na aparência de alguém com a mão enfiada num saquinho, com um dedo para fora, sacudindo-o e falando para si mesmo (e muitas vezes fazendo alguma careta em concentração).

Vamos deixar de lado por um momento o fato de sabermos que o ato em si (cantar japa) é maravilhoso e benéfico e vamos imaginar o que uma pessoa normal no Ocidente pensa ao ver isso. Esse é o ponto. Não devemos apenas agir de forma a nos beneficiar, mas sim agir de forma que outros também se beneficiem. Se algo que fazemos, que pode ser alterado sem comprometer nossos verdadeiros princípios, causa estranheza ou afeta nossa imagem de forma negativa, então continuar a agir assim é irresponsável e egoísta. Irresponsável porque estamos ignorando a ordem máxima de Prabhupada de apresentar a consciência de Krishna de forma inteligente e atrair o máximo número de pessoas e egoísta porque estamos pensando apenas em nosso avanço espiritual.

Dança, arte e arquitetura

O mesmo princípio aplica-se a todos os demais aspectos da cultura védica. Dança, arte e arquitetura védicas também não são necessariamente indianos. Prabhupada freqüentemente apreciava a arquitetura clássica ocidental. Nossos templos não necessitam ter aquela decoração rebuscada e colorida que costumeiramente possuem. Nem há razão para sempre termos shows de dança indiana em nossos programas como Ratha Yatra. Isso só faz estereotipar nossa imagem, limitando assim a visão que as pessoas poderiam ter da ISKCON, de estar representando algo realmente universal e prático.

JUSTIFICATIVA

De acordo com os ensinamentos de Prabhupada e das escrituras essas mudanças podem ser feitas na ISKCON? A resposta é sim. Podem e devem. É nosso dever. Prabhupada falou que ele tinha apenas criado a estrutura básica1 e que cabia a nós dar o acabamento. Podemos ver que em seus 60 volumes, ele não fala sobre esses pequenos detalhes, sabendo que isso é uma questão de tempo, lugar e circunstância. Como poderia um movimento durar 10 mil anos sem alterar tais detalhes? Como poderia uma ciência ser válida por todo tempo em todos os universos se ficasse presa a esse tipo de coisa?

O ponto é que Prabhupada sempre falava, “apenas acrescente Krishna”2. Ele não dizia para apagarmos tudo e começar do nada, e sim deixar tudo do jeito que está, mas acrescentar Krishna, pois aí o resultado seria maravilhoso. Um dos pontos mais importantes da nossa filosofia, que Prabhupada enfatiza repetidamente, é o princípio de adaptar a ciência espiritual ao tempo, lugar e circunstância3. Prabhupada não veio ao Ocidente para tirar nossas calças ou os talheres de nossas mãos, nem nossas cadeiras. Tampouco ele veio para substituir a arquitetura, dança e música clássica ocidental. Ele veio para trazer Krishna e a ciência de conectar tudo a Ele novamente.

CONCLUSÃO

Na verdade, a cultura védica não é algo externamente padronizado, em termos do tipo de música, roupa, arquitetura, culinária, etc. Varia de um lugar para o outro e de uma época para outra. Não é que por todo universo, por toda Vaikuntha, onde quer que predomine a cultura védica iremos encontrar exatamente o mesmo tipo de roupa, arquitetura, arte, dança, culinária, etc.

Se mesmo num minúsculo planeta como o nosso encontramos simultaneamente tantas culturas vastamente diferentes, o que dizer da inconcebível criação de Deus? Não é por omissão que nossas principais escrituras, e nossos grandes ãcãryas, incluindo Prabhupada, não tocam nesses assuntos. É porque isso é uma questão variável, uma questão superficial. O que não é variável na cultura védica é a ciência espiritual, as diferentes formas de auto-realização e avanço espiritual, culminando em puro serviço devocional a Sri Krishna. Também não é variável o fato que cultura védica significa esmerar pela perfeição, pelo conhecimento máximo em tudo que se faz.

Assim, a ISKCON deveria se esforçar para mostrar ao mundo esse ideal de buscar a qualidade máxima em tudo que se faz como uma oferenda a Deus. Quem pode argumentar contra um objetivo tão perfeito? Quem poderia se opor a um Movimento que trabalhasse assim? Se realmente estamos levando a sério a ordem e a missão de Srila Prabhupada, devemos entender que não há outra alternativa. No mundo globalizado vemos duas principais tendências: a busca pela excelência e a padronização de uma cultura universal.

Empresas e governos sérios investem bilhões de dólares em educação e treinamento para seus funcionários, exigindo deles um nível cada vez maior de eficiência e qualidade. Praticamente nenhuma empresa grande consegue sobreviver sem estar constantemente aperfeiçoando seus produtos e processos. Nos países mais desenvolvidos, o povo também exige de seu governo crescente qualidade e excelência. E, já há muitas décadas, vemos que aquilo que é considerado como sendo algo digno e respeitável em Nova York, será igualmente digno e respeitável em Xangai, Deli, Paris ou São Paulo. O mundo busca universalidade para essa nova realidade.

É insensato e contraproducente tentar apresentar uma mensagem, não importa quão maravilhosa seja, imersa num formato étnico exótico. Agindo dessa forma estamos dizendo ao mundo que não estamos interessados nele, e, em contrapartida, o mundo não está interessado em nós. Estamos totalmente fora de sintonia com a realidade atual. Claro que nossa filosofia é perfeita e na verdade pessoalmente não precisamos da aprovação de ninguém, nem estamos interessados em seguidores, fama, etc. Mas, como uma instituição, como pregadores, não podemos pensar assim. Temos que nos esforçar e fazer tudo que pudermos para nos manter atuais e relevantes, se quisermos que nossa mensagem seja ouvida.

NOTAS

1 “Now I have built the skyscraper framework, you fill it in nicely” (Carta a Rupanuga, Delhi, 10 de dezembro de 1971).

2 “They are interested to get knowledge, but the materialistic knowledge will lead them astray from real goal of their intelligence, and all of their credits in education will only add up to so many zeros. But if you yourself are very much well-acquainted with our Krishna philosophy, you will be able to convince them that if they make Krishna or God the center of their learning process, never mind they're scientists, chemists, politicians, whatever they may be, if they put Krishna in front of so many zeros they will come out with a huge sum and their life will be very much perfect” (Carta a Tribuvannatha, Los Angeles, 16 de junho de 1972)

3 “The method of worship — chanting the mantra and preparing the forms of the Lord — is not stereotyped, nor is it exactly the same everywhere. It is specifically mentioned in this verse that one should take consideration of the time, place and available conveniences. Our Krsna consciousness movement is going on throughout the entire world, and we also install Deities in different centers. Sometimes our Indian friends, puffed up with concocted notions, criticize, “This has not been done. That has not been done.” But they forget this instruction of Narada Muni to one of the greatest Vaishnavas, Dhruva Maharaja. One has to consider the particular time, country and conveniences. What is convenient in India may not be convenient in the Western countries. Those who are not actually in the line of acaryas, or who personally have no knowledge of how to act in the role of acharya, unnecessarily criticize the activities of the ISKCON movement in countries outside of India. The fact is that such critics cannot do anything personally to spread Krsna consciousness. If someone does go and preach, taking all risks and allowing all considerations for time and place, it might be that there are changes in the manner of worship, but that is not at all faulty according to sastra. Srimad Viraraghava Acharya, an acharya in the disciplic succession of the Ramanuja-sampradaya, has remarked in his commentary that candalas, or conditioned souls who are born in lower than sudra families, can also be initiated according to circumstances. The formalities may be slightly changed here and there to make them Vaishnavas” (SB 4.8.54, Significado).

[1] Estou situado nos corações de todos, e é através de Mim que vêm a lembrança, o conhecimento e o esquecimento. Através de todos os Vedas, é a Mim que se deve conhecer. Na verdade, sou o compilador do Vedanta e sou aquele que conhece os Vedas.